Mais picaretas do meio literário

Esta semana eu estava discutindo com outro profissional do mercado a respeito de algumas novas agências literárias e o assunto me lembrou de uma crítica que ouvi a respeito sobre agentes que cobravam a leitura crítica.

Agora, eu sei que parece estranho, cobrar um serviço quando se utilizará dele para outro (leitura crítica e agenciamento), mas como esse ramo de profissionais que representam escritores é novo aqui no Brasil, é evidente que, para se ter uma entrada inicial, cobrar por um trabalho inicial, como a leitura crítica, mesmo quando se irá agenciar um escritor, não é tão estranho.

Até porque, como eu mesmo já expliquei anteriormente, o normal de acontecer é o escritor já ter alguma coisa publicada, certo renome, e ser procurado por um agente que o represente. Seria mais ou menos como os empresários no esporte e os head hunters no meio empresarial. Eles procuram seus clientes, e não o inverso.

Acontece que o meio editorial já há algum tempo passou por uma enorme mudança. Eu mesmo já comentei a respeito inúmeras vezes: com a popularização do computador e da internet, a chegadas de impressoras profissionais mais baratas e o surgimento de redes sociais, coisas como escrever, publicar em formato físico e e-book, e mesmo fazer o marketing se tornaram mais simples. Agora, se tudo isso pode ser considerado positivo para o meio literário/editorial, esse crescimento de autores e editoras e escritores não foi acompanhado pelas livrarias (e espaço dentro delas, muito pelo contrário, na verdade) e de leitores, especialmente aqui no Brasil.

Assim, começaram a aparecer “no mercado” inúmeros escritores que sem editora, assim como sem o devido conhecimento do mercado literário/editorial. Com isso surgiram os novos agentes literários e suas agências, que ao invés de procurar sucessos são procurados pelos escritores para representá-los, os quais precisariam ler a obra antes de aceitar, ou não, representar o escritor.

Inclusive, essa também foi a causa do surgimento de tantas editoras por demanda, muitas, inclusive, bem picaretas.

Agora, como eles podem aceitar ou não você, você também pode não considerar “legal” cobrar pela leitura crítica ao agenciar alguém. Caso aceite você contrata a agência e caso não aceite, agradece e, como para qualquer outra coisa na vida, segue em frente.

O problema é que, como em qualquer meio, aqui também existem as “maçãs podres”, que é quando o profissionalismo praticamente não existe. Aí surge um problema.

Veja bem, e aqui eu falo aos agentes ou editoras, nada contra se interessar por um ou dois gêneros que têm uma vendagem mais fácil, mas ou avisem que vocês só interessam por eles ou efetivamente leiam os originais que lhes chegam às mãos. Porque enviar uma carta resposta padrão com o gênero errado do autor não só queima não o seu filme, mas dá ideia de que todos os agentes são picaretas, como você!

E se você achou que esse era o pior, essa semana que passou me chegou aos ouvidos uma agência que usava como ferramenta para chamar escritores o fato dos profissionais dela já serem leitores críticos contratados por uma grande editora.

Quer dizer que para o autor que paga os serviços deles eles falam bem do original para a editora? Isso porque já ganham da editora para fazer a leitura crítica? Se não é conflito de interesses, eu não sei o que é!

E se pouca gente vê, e quem percebe muitas vezes prefere “olhar para o outro lado”, cuidado! Isso pode queimar não só os agentes, você escritor, a editora, como o mercado de uma maneira geral.

Já imaginou quando o “excelente” original aprovado pelos leitores críticos/agentes não vender não metade do esperado?!

Um comentário em “Mais picaretas do meio literário

  1. Isso também é verdade para o mercado profissional como um todo.
    Ao mesmo tempo que existem Head Hunters que são contratadas pelas empresas para procurar um determinado tipo de profissional, também temos aqueles que cobram do profissional para recolocá-lo no mercado. E essas quase nunca atendem…

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