Eu sei que já cheguei a comentar a respeito do assunto, mas esse artigo é fruto de dois acontecimentos que me fizeram voltar à questão das livrarias e sua função da equação que é o mercado editorial. A primeira foi o desabafo de um editor cuja empresa acabara de fechar criticando a posição das livrarias, especialmente das grandes redes, de praticamente ignorar as editoras de médio e pequeno porte. A segunda, que foi o que me fez conectar todos os pontos para escrever esse texto, foi uma situação constrangedora que eu presenciei numa grande livraria neste sábado mesmo, em que uma cliente foi tratada com muito descaso.
No caso da primeira razão eu posso dizer com certeza que sei bem o que! Compreendo que a livraria é uma empresa e que, portanto, precisa lucrar. Entendo que dar tanta ênfase aos best-sellers seja necessário, mas isso não quer dizer ignorar as médias e pequenas editoras. E nem vou argumentar a respeito do fato de que além de ficarem pelo menos metade do valor de capa do livro, já faz algum tempo que cobram EM DINHEIRO pelos locais de mais destaque da loja, como a vitrine, as pontas de gondola e outras.
E mesmo para você que é leitor e pode estra pensando que isso não tem nada a ver com você, este também é um dos fatores que encarece o preço do livro nacional. Ou seja, quando vejo escritores criticando a ‘pobreza’ que são os 10% direitos autorais, ou os leitores reclamando dos altos preços dos livros, as vezes a impressão que dá é a culpa é da editora, que muita gente acha que fica com todo o preço de capa, o que definitivamente não acontece.
Já no caso da segunda razão, e eu tenho que dizer que isso me fez lembrar uma situação da mesma rede de livrarias em que, devido a um problema entre a equipe de vendas e a administração, quase dez vendedores pediram as contas no meio de uma reunião.
Como administrador eu posso dizer que um funcionário motivado, bem treinado e que tenha uma remuneração à altura é um dos bens mais importantes de uma empresa. Especialmente se estamos falando de uma loja, cujo foco é exatamente o atendimento ao cliente.
Me recordo, inclusive, de quando o foco de algumas livrarias era a qualidade. Ter, senão na loja, no sistema, um acervo para todos os tipos de livro, é o mínimo se a livraria quer se manter no mercado. Porque ouvir, como já aconteceu comigo, que um livro que eu já tive em mãos “não existe”, ao invés de “não consta em nosso sistema”; ou que, como aconteceu a cliente em questão, “uma versão importada do livro não existe na loja” (quando existia), só para tentar empurrar a versão nacional, que é mais cara, não é só querer perder a venda, mas desrespeitar o cliente, e isso é impensável.
Ou seja, eu sempre digo que para que o mercado cresça efetivamente, todas as partes devem agir em parceria, com a editora E a livraria trabalhando em conjunto PARA o cliente. O que estamos vendo já há algum tempo está longe disso, e se diversas editoras menores fecharam por causa disso, foi esse tipo de ação inepta que literalmente acabou com o reinado de grandes redes como a Livraria Cultura e a Saraiva
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