Como eu já disse num curso de escrita que ministrei, como sempre coloco nas palestras que fiz e faço, LER é algo essencial ao escritor. E não só de uma simples leitura, que dá cultura assim como vocabulário, mas a crítica, a analítica, ou como eu chamo: LER COMO ESCRITOR.
Isso, pois ao ler deste modo você não só estará prestando atenção à história, mas também em elementos como a estrutura, detalhes de apresentação, estilo, até pontos que você pode achar interessantes, bons e ruins. Enfim, tudo o que você, como alguém que quer crescer como escritor, pode aprender e até usar em suas criações.
O problema, como eu comento, é que infelizmente até você acostumar, isso fará com que a maioria das leituras fique sem graça, afinal de contas você não estará simplesmente lendo, mas também olhando além do texto, através dele, e até você se acostumar a este processo de desconstrução, o processo de leitura em si poderá perder um pouco da graça.
Eu me recordo, por exemplo, de uma dica que li dia destes de colocar um elemento de urgência na história para que a mesma se torne mais emocionante. Quando li essa colocação, além de considerar isso um clichê mais do que batido, logo me lembrei da história de Dan Brown, Anjos e Demônios, em que colocam um artefato de antimatéria para explodir o Vaticano. Realmente alguém pensou que o autor iria explodir o Vaticano, assim como o protagonista dele? Claro que não!
Inclusive, o mesmo acontece com séries de TV e filmes. Roteiros, afinal de contas, nada mais são do que histórias escritas adaptadas para uma mídia diferente. Ao ler como escritor você perceberá a estrutura por trás da história. E é aí que entra a questão da trama ou plot que terminou me levando a escrever esse texto.
Agora, apesar da tradução de plot ser efetivamente trama, eu estou usamdo o termo aqui mais como a ideia original que move a história, seja o livro, a série ou o filme. Então, por exemplo, apesar de toda a adaptação, se olharmos na motivação original por trás da trilogia cinematográfica de Star Wars original, vermos na realidade a história mitológica de Zeus e Cronos, em que o pai (Cronos), deve matar os filhos, pois há uma profecia de que o filho (Zeus) matará e tomará seu lugar.
Outro exemplo é o filme Click, que mostra um executivo dando mais ênfase à sua carreira do que a sua família e mesmo assim se sentindo infeliz. Depois de conseguir um controle remoto “mágico” e ver seu presente, passado e futuro, ele percebe seu erro, que foi tudo um sonho, e que agora pode viver sua vida como deveria. Este plot nada mais é do que uma releitura do de o Conto de Natal, de Charles Dickens, em que os Fantasmas do Natal Passado, Presente e Futuro visitam Ebenezer Scrooge para que ele possa se arrepender e viver a vida de uma maneira mais humana.
Em filmes essa tendência é bem simples de se verificar. Seja no primeiro filme do Thor, no segundo filme de Star Trek, Além da Escuridão ou no primeiro Matrix, em que Neo deve morrer para se tornar o escolhido. Na mitologia moderna que se tornou o cinema, como na mitologia original, seja para ascender ou para se redimir, o herói deve morrer e voltar à vida. São facetas da Jornada do Herói, apresentada por Joseph Campbell como o monomito, ou a ideia por trás de toda e qualquer histórias (Na realidade, são três: a Jornada do Herói, o Rapto da Donzela e o Trickster, mas isso é para uma próxima análise),
A questão então é que a importância de se aprender a ver isso, de se ler como escritor, pois aí você não só passará a escrever usando estes plots, essas ideias, como fará com que cada leitura sua se torne um aprendizado, que poderá ajudá-lo a escrever. Eu sei que é um conceito complicado e que um simples texto muitas vezes será mais confuso do que efetivamente elucidador, mesmo assim é algo que, como escritor, você tem que começar a fazer. LER COMO ESCRITOR, Quer saber mais a respeito deste, assim como de outros tópicos ou temas? Nos siga nas redes sociais e visite nosso site.

Gianpaolo Celli é Pós-Graduado em Gastronomia no curso Cozinheiro Chef Internacional, SENAC São Paulo, Bacharel em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), Ex-editor e co-proprietário da Editora Tarja, Analista de Marketing, Tradutor, Leitor Crítico & Preparador de textos e Storyteller. Autor dos livros Predadores, Caminho de Santiago e tantos outros.
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