Dia destes um escritor me chamou no Messenger e me perguntou se escrever para coletâneas valia a pena. A conversa foi tão interessante que eu resolvi comentar a respeito do assunto por aqui. Afinal, muitos outros autores podem estar com as mesmas dúvidas.
Já há muito elas existem no mercado editorial, tanto no internacional como no brasileiro, mesmo assim a situação das coletâneas é complicada, pois apesar de vermos um ou outra nas livrarias, sua entrada não é garantida. Isso, pois se temos casos de extremo sucesso, também existem fracassos para balancear, o que acaba nos deixando com duas dúvidas:
Será que coletâneas funcionam mesmo?
E caso funcionem, para que elas servem?
O interessante destas duas perguntas é que em diversos aspectos elas se fundem. Isso sem contar que a questão também se divide em três aspectos: Escritor, Editora e Leitor.
E como eu mesmo já comentei a respeito, para que qualquer coletânea dê certo, ao menos uma, senão duas ou mesmo as três devem ser respondidas de maneira positiva.
Para o Escritor, em especial para aquele que quer começar no mercado, as coletâneas servem de porta de entrada. Uma maneira de apresentarem seu trabalho num livro que, devido à presença de outros autores, poderá ser mais facilmente lido,
Não é só para o iniciante, contudo, que a coletânea pode ser interessante. Muitas vezes um autor já com nome quer tentar uma linha diferente de trabalho e não está disposto a gastar seu tempo num romance.
A resposta? Participar de uma coletânea temática, onde ele poderá não somente verificar como é escrever sobre outro assunto, como ter uma resposta do público.
Para a Editora a coletânea também tem mais de um objetivo. Como diversos autores conseguem chamar mais leitores do que um só (vamos imaginar autores desconhecidos, não best-sellers), uma coletânea normalmente terá um retorno mais rápido, especialmente em seu lançamento, do que o livro solo de um autor desconhecido do grande público.
Outra opção é apresentar ao leitor, inclusive aquele que já conhece um ou dois, mas não todos, os demais autores da casa. E ao invés de usar seus romances, pois a maioria dos leitores tem medo de arriscar com um livro ou autor desconhecido, em especial se ele não escreve um gênero que o leitor gosta.
Assim, um livro com histórias mais curtas e com diversos autores é a chance de chamar a atenção de novos leitores com um “test drive”.
Finalmente, e deixado para ser analisado por último por ser o ponto mais importante, para que serve a coletânea para o Leitor!
Bom, é aqui que entram a maioria das grandes coletâneas internacionais.
O que chama a atenção nelas?
Muitas vezes os editores misturam nomes desconhecidos com best-sellers, de modo que o livro possua nomes interessantes ao leitor, fã de um ou dois autores presentes no livro.
Outro ponto: em sua maioria as grandes coletâneas são temáticas, trabalhando em cima de um local, fato, data ou evento histórico (como por exemplo a Segunda Grande Guerra, a cidade de NY, a Copa do Mundo) ou mesmo gênero literário (Steampunk, Cyberpunk, Western, Vampiros, Lobisomens, Piratas).
O problema, contudo, em especial neste último aspecto, mas que cobre os demais, é que o tema da coletânea, para que a mesma seja bem sucedida, deve ser do interesse do leitor. Porque não tem maior “furo n’água” do que uma coletânea escrita com um assunto que não chame a atenção do leitor. É encalhe na certa!