Interessante como certos assuntos voltam à baila em diversos “fronts” ao mesmo tempo.
Não faz muito tempo que eu li um texto de uma profissional da área de assessoria de imprensa que discutia a respeito de como algumas ações de marketing que, apesar do esforço, deram errado, e que o cliente (autor/editora) reclamou, dizendo que não iria pagar, pois o resultado não havia sido satisfatório. Como se o contrato de serviço viesse com cláusula de garantia…
Eu me recordo de quando participei de um ciclo de palestras no Encontro de Férias do Instituto Cervantes sobre os caminhos e alternativas para o autor, chamado “Edição Tradicional ou Autopublicação?” um dos pontos que levantei foi da dificuldade do autor independente de fazer o marketing, propaganda e vender seu livro. Tema que não só já havia levantado num curso anterior que ministrei, como também que foi assunto de uma conversa que tive há algumas semanas com alguns profissionais da área.
E o interessante é que normalmente as pessoas se baseiam em alguns “exemplos” que deram certo (de autores que se autopublicaram e de outros que lançaram por editoras tradicionais) ignorando que, se estes são um, dois ou mesmo dez em quatro, cinco ou seis mil casos.
Eles na verdade são exceções. Pontos fora da curva que aconteceram de dar certo devido ao momento do mercado, ao esforço que eles mesmos fizeram, ou mesmo à sorte, elementos que dificilmente poderão se repetir.
Eu me recordo durante a palestra que quando eu, como sempre, expliquei as dificuldades, muitas pessoas ficaram desmotivadas. Minha ideia não é e nunca foi desmotivar o profissional, mas sim dar uma visão clara do mercado como um todo, de modo que ele possa com isso tomar sua decisão, seja ela qual for – publicar de maneira independente por uma editora por demanda, por crowdfunding ou mesmo buscar serviços literários para não só melhorar sua chance de publicação por uma editora tradicional, como também após haver publicado conseguir chamar a atenção de seu público e conseguir o almejado reconhecimento – com uma ideia clara dos desafios que terá de enfrentar. Porque só assim o mercado nacional irá efetivamente crescer e se consolidar.
Agora, para que isso aconteça, o autor que está começando também tem que se conscientizar de como o mercado funciona, da qualidade que o mercado exige, do que ele pode fazer para agregar ao mercado. Porque não é achando que sua primeira ideia, tirada de algum quadrinho, filme, série ou animação, é inovadora e irá estourar.
É necessária muita pesquisa, muito treino de escrita, muita leitura para que você não só tenha uma visão ampla do mercado em todos os seus níveis, como também aprenda a escrever e consiga não só achar seu gênero, como também desenvolver seu estilo. Coisa que demora pelo menos um bom par de livros para acontecer (e olha que essa é uma análise otimista).
É exatamente para isso que existem os profissionais de serviços literários, para dar suporte nestas áreas facilitando com sua experiência a vida do escritor. E mesmo assim, como já foi colocado no primeiro parágrafo, nem assim existe garantia que sua obra será um sucesso.
E me desculpem aqueles que gostam de vender serviços pela metade, ganhar em cima do sonho dos outros e “depenar trouxas”, mas é muito melhor ganhar menos muitas vezes com o grupo do que ganhar mais uma vez ou outra sozinho!
E perdoem-me também aqueles que estão entrando no mercado agora e quase nada sabem. Por favor, sejam inteligentes e façam pesquisa, conversem com que já é profissional há mais tempo, e mais importante: aprendam a ser humildes, pois um grande ego só te levará a um resultado: uma grande queda!