É… Parece que o assunto ainda está dando pano para manga.
Isso, pois uma vez mais eu vi uma bagunça nas redes sociais de autores amadores que, ao invés de tentarem descobrir o porquê de suas histórias não serem aceitas nas coletâneas para as quais haviam sido escritas, em posse dessa informação eles possam se desenvolver a se tornarem autores, agora eles simplesmente acharam uma rede social (ou algo assim) onde podem “publicar” seus livros.
O pior é que essa ‘história’ não é nova, só estamos vendo ‘um novo capítulo’, ou ‘uma nova versão’ da mesma. Como dizem que o brasileiro não tem memória, vamos relembrar:
Antes era a Amazon; antes disso os blogs; e antes ainda as listas de discussão!
E a questão relativa aos meios de se chegar à publicação do livro continua sempre a mesma: houve pessoas que saíram destes meios e conseguiram se tornar autoras?
Sim! Se bem que eu já disse antes: não é só porque a pessoa conseguiu publicar uma vez que ela se tornou efetivamente um autor.
Até porque não é só porque existem alguns exemplos de publicações saídas de listas de discussão, ou de blogs, ou mesmo da Amazon e destas redes sociais literárias, que você conseguirá fazer o mesmo só postando o que não foi aceito pelas editoras, sem nem tentar descobrir o que existe de errado na história.
É exatamente por essas razões que, como eu já coloquei existe a Leitura Crítica, serviços que, inclusive, nós oferecemos, pois mesmo quem já publicou precisa saber o que fazer a seguir para melhor efetivamente e se tornar um autor.
Isso sem contar que, novamente como eu já falei antes: não é porque aconteceu com uma, duas ou três pessoas num grupo de centenas ou milhares, que elas são um exemplo. Elas são uma exceção à regra! Pontos fora da curva que não podem ser usados como base de ação.
Compreenda. Tudo o que eu já comentei, fosse as praticamente extintas listas de discussão, os blogs, a autopublicação pela Amazon, ou mesmo essa nova moda de rede social literária, deve ser considerado como um meio para se chegar a um fim.
Uma ferramenta de marketing onde, por exemplo, se pode postar spin-offs de sua obra de modo a chamar atenção sobre ela. Um modo de testar a aceitação de seu público sobre um gênero ou uma história. Não simplesmente um modo de acariciar seu ego. Ao menos não se seu objetivo for efetivamente se tornar um autor.
Inclusive, isso me lembrou de uma história. Há muito tempo atrás um conhecido comentou que seu blog conseguiu tamanha visualização que chegou a aparecer no jornal. Eu me recordo que questionei o que ele fazia para conseguir tal feito. A resposta, foi que ele entrava em outros blogs, deixava comentários (o que seria hoje uma curtida) e pedia para que o dono do blog fizesse o mesmo com o seu. E o resultado final? Nada, a não ser o ego inflado de poder dizer: meu blog apareceu no jornal.
Inclusive, falando em curtidas (assunto do qual eu já tratei aqui), esta semana eu recebi mais uma mensagem oferecendo venda de curtidas. E o texto era bastante esclarecedor: “Por que comprar Curtidas? Com um numero maior de curtidas, sua reputação e credibilidade aumentará exponencialmente.” (alguém percebeu a construção errada da frase?)
Eles ainda colocam que a equipe havia desenvolvido um método único de adquirir curtidas que, segundo eles, era “rigorosamente sob às políticas do Facebook e outras redes sociais. Ou seja, esse serviço não é ilegal e você jamais será banido por isso.” O preço? Vai desde 100 curtidas por R$ 45,00 a 1.000 por R$ 180,00.
Ou seja, vamos começar a entender que, ao menos em literatura, uma boa capa pode até vender um livro, mas será um conteúdo interessante e bem escrito que farão o leitor voltar para qualquer outro livro que você escreva. E isso fará de você um autor de verdade.

Gianpaolo Celli é Pós-Graduado em Gastronomia no curso Cozinheiro Chef Internacional, SENAC São Paulo, Bacharel em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), Ex-editor e co-proprietário da Editora Tarja, Analista de Marketing, Tradutor, Leitor Crítico & Preparador de textos e Storyteller. Autor dos livros Predadores, Caminho de Santiago e tantos outros.
E-mail: giancelli@yahoo.com
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