Você é um escritor ou um autor?

Há algum tempo eu tenho falando a respeito de da diferença daquela pessoa que só escreve para que, depois de ter publicado, possa ter seu ego acariciado ao dizer “eu sou escritor”, do profissional que busca fazer uma carreira como tal.

Inclusive, numa conversa com outro profissional da área, ele comentou que considerava uma diferença clara entre o escritor – alguém que gosta de escrever e faz por hobby – do autor, o profissional de escrita que busca se desenvolver sempre e fazer uma carreira.

A conclusão que chegamos, que eu mesmo já comentei a respeito aqui no blog, foi que: ‘Apesar de todo autor ser um escritor, nem todo escritor efetivamente é um autor.’

Na realidade estou voltando ao assunto devido a alguns comentários a respeito de postagens em redes sociais que tratavam dele. E ao achar a situação digna de uma discussão mais aberta, resolvi comentá-la mais a fundo.

O interessante é que ambas as postagens eram sobre coletâneas literárias. A primeira era de um escritor com romances já publicados se vangloriando de participar da produção; a outra era de um amador ‘chorando as pitangas’ por não haver sido aceito em mais uma coletânea.

Eu sei que lá fora, mesmo autores consagrados em seus meios eventualmente participam de coletâneas, mas nós temos de ver que eles são CONVIDADOS para que seus nomes ajudem a publicação, levantando-a, assim como a novos nomes possam surgir no mercado. Se vangloriar por isso após ter iniciado com sucesso uma carreira é semelhante a dizer que um alpinista que já escalou o Monte Everest está se vangloriando de escalar do Pão de Açúcar, ou o Pico do Jaraguá.

Mesmo no caso do mais amador, ao invés de ficar choramingando, o que ele deveria fazer é buscar descobrir a razão de seus textos não estarem sendo aceitos. E é exatamente para isso que a Leitura Crítica existe.

De qualquer modo, em ambos os casos vemos escritores amadores que, como eu coloquei acima, buscam mais alimentar seu ego do que efetivamente pavimentar uma carreira. E não é nem dizer que o profissional precise viver de literatura, pois mesmo lá fora existem muitos que não querem ou não conseguem, mas que mesmo assim se esforçam para manter uma carreira paralela de autor, se desenvolvendo sempre e publicando com periodicidade.

Você até pode achar essa crítica pesada, pois cada um tem a liberdade de fazer o que quiser, mas saiba que em ambos os casos, existe sim um dado inerente ao mercado. Isso, pois as editoras procuram num autor alguém que, mesmo que não estoure na primeira publicação – o que é raro, apesar de poder acontecer – lance periodicamente, granjeando a simpatia de seus fãs e aumente seu público. Qualquer profissional de mercado sabe, afinal de contas, que cada livro lançado chama mais a atenção para o autor E PARA SUAS OUTRAS PUBLICAÇÕES. Assim, ao apostar num ‘autor de um livro só’, a editora termina perdendo a confiança não só neste, mas em todos os profissionais do mercado nacional.

Isso, pois no momento que a editora dá o prazo para um segundo livro, o hobby vira obrigação e a coisa muda de figura.

Tudo bem que no caso, às vezes isso é até interessante, pois sobra trabalho para ghost writers. Como já aconteceu, segundo corre a boca pequena, inclusive com alguns sucessos da literatura nacional.

Mesmo assim isso é um problema para editora, que achava que o autor no qual está apostando fosse conseguir escrever outros livros, de modo a edificar uma carreira, e não que eles teriam de contratar um ghost writer para escrever para um escritor. Até porque falando deste modo a coisa soa ridícula, não é verdade?!

E você? Já descobriu se é um autor ou só um escritor?

3 comentários em “Você é um escritor ou um autor?

  1. Eu comecei e escrever com alguma regularidade a apenas dois anos e aqui no Blog, não sendo nada de Ficção, inclusive.

    Tenho até vontade de começar a escrever e tentar participar de coletâneas a afins mas me falta o tempo (para escrever) e a disposição de mergulhar nesse meio.
    Entendo que para começar teria que me dedicar mais não apenas à escrita mas também em busca de coletâneas e afins.
    Mas vontade não falta…

    Curtido por 1 pessoa

    1. Oi.. Tudo bem?
      Então, comece aos poucos, fazendo histórias curtas. À medida que se torne algo habitual, é uma progressão. Deixar de ser escritor para ser um autor mesmo é quando assume e põe em prática as histórias que lhe tem vontade de escrever.
      E aproveitar o que já tem prática para ir além nem que seja aos poucos. Mas o importante é começar.
      Obrigada pelo comentário e estimo pelo seu progresso.

      Curtido por 2 pessoas

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