Olá.
Aqui estou com o artigo inicial do BASTIDORES LITERÁRIOS. Para que não me conhece, meu nome é Gianpaolo Celli, eu sou escritor, editor, tradutor e leitor crítico profissional e hoje vou falar de AGENTES LITERÁRIOS.
Este é um assunto bastante atual, em especial para autores iniciantes, e como recentemente me questionaram a respeito, eu resolvi fazer algumas colocações sobre o tema:
Apesar de comum no exterior, a figura do agente literário é relativamente nova aqui no Brasil. E como se tem poucas informações a respeito do que efetivamente vem a ser o seu trabalho, o assunto se torna controverso, com gente falando o que não sabe, e pior, pessoas de má fé se aproveitado dessa ignorância para ganhar dinheiro em cima de quem conhece menos o mercado.
Lá fora o agente literário, como o teatral, cinematográfico, esportivo é o elo do artista com o mundo. Ou seja, ele que cuida de buscar contratos, de conversar com a imprensa, de conseguir patrocínios, de conseguir que o profissional apareça na mídia etc., etc etc. Ou seja, trocando em miúdos o agente é a pessoa que cuida da carreira do profissional por ele representado enquanto ele trabalha, seja treinando, atuando ou mesmo escrevendo.
Aqui a questão se divide em dois pontos: O PAGAMENTO DO AGENTE & O QUE SE PRECISA PARA SE TER UM AGENTE. Isso, pois existem pessoas com poucas, para não dizer nenhuma ligação com o mercado literário e que se fazem passar por ‘profissionais do livro’ só para ganhar dinheiro de autores que sonham em fazer sucesso. Mesmo assim, também existe gente séria que se você não ouviu falar, é porque você ainda não está pronto… e veremos o porquê dessa colocação mais à frente!
Primeiro O PAGAMENTO DO AGENTE.
Pense no agente literário como um “representante”. Alguém como um advogado, que recebe uma percentagem em cima do que seu cliente ganha, ou mesmo um vendedor, que recebe uma comissão em cima do produto que vende.
Evidente que pode haver cobranças à parte para serviços além da representação que o agente faça. A leitura crítica, ou parecer profissional, por exemplo, é um serviço à parte que todo bom profissional do meio literário deve fazer antes de sequer pensar em representá-lo. A não ser, evidentemente, que o livro em questão já tenha sido publicado ou que o autor já tenha o nome firmado e uma boa venda. O agente, afinal de contas, precisa saber quem está representando, não é verdade? Mesmo assim, pesquise os valores médios de mercado para o que qualquer autor te oferecer quando você for abordado.
Outra coisa, estranhe se ouvir papos como pagamento de mensalidades, fazer um curso que o agente está ministrando ou coisa semelhante, em especial se você não tem nome (ou um livro publicado), pois é provável que, caso você aceite, ao invés de um contrato, você ouça desculpas nos meses seguintes, pois você não entendeu realmente o que ele disse.
Com isso chegamos a O QUE SE PRECISA ENTÃO PARA SE TER UM AGENTE?
Em uma só palavra, NOME!
Como qualquer profissional, para conseguir um agente o autor já deve ter um nome, ou seja, livros publicados… Imagine ele como um head-hunter, um profissional do meio administrativo que caça-talentos para posições de destaque em grandes corporações. Pense, o quanto ele ganharia em cima de alguém que ainda não tem nome? Ou sequer um livro publicado? Muito pouco, não é verdade?
Então… é o agente que deve ir atrás do autor, e não o inverso. Assim, fora raras exceções, se a ideia de procurar um agente veio de você escritor, em especial se você ainda não tem nenhum ou pouco material publicado, algo está errado!
E tem mais, mesmo quando você, autor, for contatado por um agente, antes de fechar negócio, pesquise-o, verifique quais autores ele representou e/ou representa, que livros conseguiu negociar… em suma, se ele é verdadeiro ou não. Porque não ainda nada o agente dizer que ele faz a divulgação e o marketing do Papa, porque venhamos e convenhamos, apesar de necessária, a figura do Papa dispensa apresentações. Assim como seu livro já tem um público interessado, o que não necessariamente acontece com o escritor desconhecido.
A prudência, afinal de contas, deve sempre vir antes do ego, assim como da ansiedade de ver seu livro publicado. E é desta ansiedade, ou do ego que os picaretas se aproveitam para ganhar dinheiro.