O policial, a fantasia, a literatura de gênero…

Estamos vivendo mesmo uma época de contradições no meio editorial. Há algum tempo vi, num mesmo momento, não só um “agente literário” dizendo que o interesse por literatura policial tem crescido no Brasil (como se a literatura policial já não existisse por aqui), como descobri o texto de um “especialista” decretando o fim da literatura policial.

E o pior foi em ambos os casos, os posicionamentos eram de “moleques” que mal haviam saído da adolescência!
É aquela coisa. Troca à fralda antes de falar merda, beleza? Porque falar é fácil, o duro é fazer acontecer! E de nada adianta o “agente” dizer que o mercado existe para ganhar o valor da análise crítica e depois, quando não conseguir um contrato, dizer que o mercado “está morrendo”.

É evidente que, cada mercado não só tem seu público, como também tem seus desafios. Quer outro exemplo, desta vez ligado a outro gênero literário?

Um tempo atrás eu vi um autor comentando, com toda a razão, que o escritor de fantasia nacional continua preso aos mesmos velhos clichês, na mesma estruturação de trama, construção de personagens, desenvolvimento de histórias, o que só cria uma fantasia repetitiva, fora de moda, e, portanto, de difícil vendagem.

O ponto é que isso não se limita aos escritores daqui. Eu mesmo já comento a respeito há muito tempo: não é que os autores lá fora são melhores do que os daqui. Em qualquer país do mundo, como no Brasil, existem os escritores bons, os médios e os ruins. O problema é que só são exportados os bons ou os que vendem! E independente de qual for o caso, quando chegam aqui, eles já têm nome, ganharam algum prêmio renomado ou têm um marketing desenvolvido. Isso quando já não estão sendo adaptados para o cinema ou para a TV…

É complicado lutar contra isso. Especialmente porque mesmo editoras grandes não têm a mesma verba para divulgação e marketing para os autores nacionais do que para os Best-sellers, o que inclusive soa como um disparate, tendo em vista que pela lógica Best-sellers não precisariam de tanto marketing.

O segredo, na verdade, é que o investimento neles é tão grande, que se as editoras diminuíssem um pouco e destinassem essa verba para o livro nacional, nada mudaria para o best-seller internacional e seria um sonho para o nacional. Até porque, como se vê acontecendo lá fora, para o editor isso não é um gasto, pois a editora irá ter retorno desse investimento.

Outro ponto é que enquanto a literatura fantástica ainda caminha, por ser um gênero mais ligado ao público infanto-juvenil, o policial, por ser um gênero mais adulto, tem mais dificuldade de crescer. Na realidade, uma prova desta tendência de gêneros e adequação de público pode ser percebida na Ficção Científica que, apesar de parte da literatura fantástica, é um gênero com um publico mais adulto, e não tem nem de longe a mesma aceitação da fantasia. A qual, como vimos acima, mesmo com a facilidade de um público mais aberto a novos autores, mesmo nacionais, também está enfrentando problemas.

E não é dizer que o que vende só o faz por que vende nos EUA. Porque existem diversos filmes e seriados de TV policiais que também são um sucesso aqui. Isso, pois todos acharam sua fatia de mercado.

Tivemos filmes de policial filmados e se passando no Brasil que, seja pela estrutura, pela empatia do personagem, pela inovação da história, deram certo. Então, se “trabalho dado é trabalho cumprido” para o cinema de gênero nacional, porque não seria para a literatura? De fantasia, Ficção Científica ou mesmo Policial?!

O importante, e eu já comentei a respeito em textos anteriores, é descobrir o que sua obra, independente do gênero, pode oferecer ao público que nenhuma outra tem, destacar seus pontos fortes e partir para a venda, para as editoras e depois ao mercado.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s