Novamente colocando a livraria (e seu desserviço) na equação

Há algum tempo atrás eu iria participar de um clube de leitura de FC cujo o tema era o livro Neuromancer. E eu fiz a colocação no pretérito exatamente porque o evento não aconteceu.

A razão?

Acontece que, apesar de marcado há mais de um mês, a livraria em questão resolveu atropelar o evento colocando outro bem em cima. Eles então ofereceram o sábado seguinte para o evento, só para descobrirem, após haverem feito a oferta, que a data e hora também já estavam tomadas.

É por causa de motivos assim que eu escrevi um artigo a respeito das livrarias “e sua função da equação que é o mercado editorial” em que comentava como era difícil para editoras de médio e pequeno porte entrarem em grandes redes.

Falava também sobre a porcentagem do valor de capa que fica com a livraria (dado que muita gente ignora) e tocava no assunto da cobrança ‘em dinheiro’ para locais de mais destaque da loja. Isso, e muito mais.

O tema de hoje, entretanto, não é só a total desorganização das mesmas… Porque no texto anterior eu me esqueci de comentar a respeito do tempo que uma livraria demorou em formalizar o pedido a minha editora para o livro de uma autora para que ela pudesse ter todos seus livros no lançamento (apesar de conversarmos por mais de um mês o pedido saiu no início da tarde do lançamento) que seria no fim da tarde. E querem saber o pior? Apesar de todos os livros pedidos haverem sido vendidos, quando eu comentei a respeito de uma nova consignação a resposta foi NENHUMA.

Achou ruim? E que tal um lançamento em que o livro, entregue pela editora à central da livraria, não foi entregue para a loja? Imagine a cara do autor fazendo um lançamento sem livro?!

O pior, e é este um dos temas de hoje, é a mescla de (incompetência, que eu já citei) impunidade da livraria, pois além deles não fazerem praticamente divulgação nenhuma do evento – Não se pode ignorar que uma boa parte da venda inicial de um livro se dá no lançamento, quando o autor está presente e uma grande parte do valor vai para eles, devido a diferença de forças (especialmente quando falamos de editoras pequenas e médias, ou mesmo clubes de leitura), você não pode nem se dar ao luxo de reclamar, porque se eles quiserem, podem se negar a trabalhar com você editora (depois eles não sabem a razão de grandes redes de livrarias como a Cultura ou a Saraiva, estarem em recuperação judicial).

E o medo, pois com a chegada do e-book (novamente, pois em 2002, 2003 ele já existia) um pânico extremo tomou conta das livrarias, de modo que elas acham que de uma hora para outra elas mesmo irão acabar, o que não vai acontecer (a não ser pela incompetência deles mesmos, pois compras online não acabaram com os shoppings, a TV e o cinema não acabaram com o rádio, e este não acabou com o jornal impresso, que por sua vez não acabou nem com a chegada do jornal virtual…)

Ou sejam estas três coisas, mescladas a já citada diferença de pesos e forças do mercado, estão atrapalhando o mercado muito mais do que os e-books fariam. E como eu já disse: para que o mercado cresça efetivamente, todas as partes devem agir em parceria. Com a editora e a livraria trabalhando em conjunto para o cliente.

Infelizmente o que estamos vendo ultimamente é a parte que por muito tempo foi a mais forte do sistema tentando esmagar as partes mais fracas ao invés de dar suporte, como se isso fosse ajudar. E quando isso acontece, não é só a parte mais fraca que termina sendo prejudicada, mas o cliente final e o mercado como um todo também (eu já comentei da recuperação judicial da Saraiva e da Cultura, não? Hehehe).

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