Na última semana eu comecei a apresentar algumas colocações a respeito da economia do mercado editorial, de modo a explica-lo. Isso, pois a ideia desta coluna não é simplesmente falar mal de um ou outro profissional, empresa ou situação, mas sim explicar um contexto, ajudando você escritor contra aqueles que se utilizam do sistema para enganá-lo.
Assim, do mesmo modo que creio que pude mostrar que os 10% de direitos autorais não são tão injustos assim, gostaria de falar agora – e novamente a ideia aqui não é tentar resolver o “problema”, mas mostrar uma situação – da tão criticada DIVULGAÇÃO E MARKETING (ou falta destes dois), que tantos falam mal, dizendo até que é essa falta de publicidade uma das razões do livro nacional não vender.
Como vimos anteriormente, o retorno por livro à editora é muito pequeno. Deste modo, fica difícil, sem saber o retorno que o livro dará. É por isso, inclusive, que as editoras muitas vezes preferem apostar em livros importados, que já têm um histórico de vendas, do que nos nacionais desconhecidos e ter de fazer um grande investimento na publicidade dos mesmos.
Imagine o custo de envio de 30, 40 ou 50 exemplares à mídia (e alguns editores já me disseram que com menos de 80 a resposta não é considerável)? Pense nisso agora quando se está publicando (no caso de autores independentes e editoras menores), por exemplo, 300, 400 ou 500 exemplares. Estamos falando de praticamente 10% da quantidade de livros publicados, fora o custo de envio. Só isso já deixaria essa equação no vermelho.
Quanto mais pagar por uma apresentação em vitrine, cabeça de gôndola ou cubo, que podem variar de R$ 2.000,00 a R$ 5.000,00 reais por às vezes meros 15 dias.
Isso sem contar que se antes as livrarias faziam esse tipo de promoção trocando a mesma por livros, o que ajudaria na divulgação, pois eles teriam de vender os livros para ter lucro e isso poderia gerar um boca a boca que terminaria por vender mais livros, agora, com a incerteza do mercado, eles só fazem esse tipo de promoção mediante pagamento em dinheiro. E não podemos esquecer que a livraria que já fica com 50% do preço de capa do livro!
Assim, fica complicado para a editora pequena ou média, que está começando e ainda não tem uma verba para assessoria de imprensa, que colocaria o livro em jornais e revistas, eventos e programas de TV, ou mesmo espaços especiais em livraria, de modo a chamar atenção do público.
Já vi colocações que dizem que as editoras, mesmo as grandes, tem uma verba de só R$ 2.000,00 reais para a publicidade dos livros nacionais e que isso seria, e é, muito pouco para fazer o marketing deles.
Isso, na realidade, é muito para a maioria das pequenas, as quais muitas vezes mal contam com uma quantia dessas para a produção do livro, quanto mais para sua publicidade. Assim, apesar de nãos ser correto ou justo, essa parte de fazer a publicidade e o marketing fica, senão só nas mãos do autor, dependendo muito dele.
Para não dizer que a ideia aqui é só dar más novas, uma ação que o autor pode, para não dizer deve fazer, para ajudar à editora (e cobrar da editora para fazer isso), afinal é interesse para ambos que o livro seja lido, é o bate-papo com o livreiro.
Você não sabe o que é isso?
Veja bem, que uma capa chamativa, um texto de 4a capa e de orelha atrativos sejam essenciais isso eu não vou negar. Mas muitas vezes o leitor, sem saber exatamente o que quer, pergunta ao livreiro se ele conhece algo de interessante de um dado tema, isso quando o próprio livreiro não toma a iniciativa e comenta a respeito de um título em particular ao comprador que ele sabe interessado no tema.
Agora, se ele falar do seu livro essa pode ser a diferença que venderá o produto!
Estes bate-papos, apesar de precisarem de uma organização da editora, são entre o livreiro e AUTOR. Não o editor ou livreiro e o vendedor da editora, mas o autor.
Assim, converse com a sua editora e se prontifique a fazer isso.