Eu não sei o quanto do mercado você conhece, mas basicamente existem três tipos de publicação. Seja em e-book ou livro físico você pode publicar independente (através de uma editora por demanda ou em plataformas como o KDP da Amazon), em parceria (a editora paga pela publicação, se responsabiliza pela distribição e venda dos livros, mas você paga parte da publicação através da compra de exemplares) ou através de uma editora tradicional, que se responsabiliza por praticamente tudo (apesar de atualmente muitos profissionais alegarem que é ou deveria ser responsabilidade do autor fazer a divulgação e marketing do livro – assunto sobre o qual eu falar mais  tarde) e cabe ao escritor ficar com 10% do preço de cada livro vendido à título de DIREITOS AUTORAIS.

Como já ouvi, e tenho ouvido diversas críticas a respeito, e muitos autores que estão começando não conhecem como funciona isso, eu resolvi começar a falar deste aspecto do mercado editorial exatamente falando dos DIREITOS AUTORAIS.

Apesar de ser um padrão no mundo, muita gente pode colocar que 10% em cima do preço de venda do livro é quase nada! Veja bem, eu até posso concordar, embora já tenha lido matérias sobre grandes nomes que recebem menos do que isso (Paulo Coelho, se é que você está curioso), temos de considerar que:

Do preço de capa do livro, vamos dizer R$ 40,00, 60%, R$ 24,00 reais, normalmente vão para a distribuidora (que é quem faz a ponte de ligação entra as editoras e as livrarias), sendo que deste valor, normalmente 50%,  $ 20,00 reais, é repassado à livraria, que vende o livro físico.

Ou seja, sobra só 40% do valor original de capa para a editora, que no caso do exemplo são R$ 16,00 reais. Se considerarmos que, deste valor, 10%, R$ 4,00 reais, vão para o autor, restam 30%, que no caso de R$ 40,00 reais dá R$ 12,00 reais, para editora.

Agora, considerando que, tirando as grandes edições de Best-sellers, as quais além de venderem rápido, tem, devido à quantidade produzida (às vezes de mais de um milhão de exemplares), um preço de custo muito baixo, a média de preço de edições de 300 a 2000 exemplares, que é o padrão das editoras pequenas e médias, varia entre R$ 5,00 e 15,00 reais, dependendo do tamanho do livro e da quantidade publicada.

Vamos calcular então:

Dos R$ 12,00 recebidos por exemplar, a editora já gastou uma média de R$ 10,00 (porque se considerarmos R$ 15,00 a editora ficará no vermelho independente da venda que conseguir) por exemplar, sobram R$ 2,00 reais por livro, o que no caso do exemplo, para 1000 exemplares daria R$ 2.000 reais, para a editora pagar seu custo fixo e mais custos como revisão, diagramação, capa, o registro do ISBN na biblioteca nacional, impostos de venda, os quais ainda não haviam sido considerados no exemplo.

Isso sem contar que a gráfica deve ser paga em três meses, enquanto o livro normalmente se vende em um ano, de modo que o que sobra para a editora é MUITO POUCO!

Como as editoras fazem para sobreviver então?

Lançam vários livros de modo que o retorno de todos eles termine criando uma quantidade de retorno monetário capaz de manter a editora “flutuando”.

Por que eu estou falando a respeito desse assunto? Você pode estar se perguntando. Porque é exatamente assim que o autor deve fazer.

Há muito eu ouvi diversos profissionais comentarem que, para manter e aumentar seu público, o autor deveria lançar livros novos há cada dois ou três anos. Isso, pois a cada livro novo lançado não só o autor alimenta seu público, como também faz com que os novos leitores que não o conheciam e se interessaram por seu lançamento, vão atrás dos livros antigos, que eles ainda não conheciam.

Assim, antes de achar que você fará sucesso em seu primeiro livro, ou de reclamar do mercado ou criticar as editoras quando isso, evidentemente não acontecer, vamos compreender que elas também estão nesta complexa equação.