Editora Intrínseca, 2017, 448 páginas
Você destruiria seu mundo em nome da verdade?
Aos pés do monte Ahtul, ao lado dos Grandes Pântanos, fica Untherak, última região habitada do mundo. Nela, humanos e kaorshs, gigantes e anões, gnolls e sinfos coexistem em relativa paz para servir à deusa Una. Até que a kaorsh Yanisha descobre um segredo capaz de abalar as estruturas do Palácio. Junto com a esposa, Raazi, ela arquiteta um plano tão corajoso quanto arriscado, que terá como cenário o Festival da Morte.
Foi em uma das edições deste Festival que o falcoeiro Aelian perdeu o pai. E apesar de sempre haver vivido sob o julgo da servidão, ele nunca se esqueceu de como é ter uma família. Com a volta do torneio, ele não só vai testemunhar, mas também fazer parte de acontecimentos que mudarão definitivamente sua vida.
Ordem Vermelha: Filhos da Degradação é o livro que inicia a jornada de quatro heróis improváveis lutando pela liberdade de um povo. Um épico sobre resistir à opressão, sobre lutar contra o status quo e construir bravamente o próprio destino.
Escrito por Felipe Castilho em cocriação com Rodrigo Bastos Didier e Victor Hugo Sousa com a direção criativa de Érico Borgo e Renan Pizii, esta obra foi a primeira fantasia nacional lançada em 2017 pela Intrínseca, em parceria com a Comic Con Experience.
Como pontos positivos posso dizer que Ordem Vermelha não só evita alguns clichês da fantasia como “o escolhido”, meia dúzia de heróis altruístas deixando a paz de suas vidas para salvar o mundo, aventureiros que mais parecem mercenários do que efetivamente pessoas comuns, as raças serem cópias dos elfos, anões e hobbits de Tolkien e simplificações como moedas de ouro, prata e bronze ou o mundo todo falando a mesma língua; como também o livro conta com uma história “tropicalizada”, considerando questões atuais e nacionais, como a corrupção de agentes do governo, favelas e a questão do relacionamento homossexual. Todas, no entanto, trabalhadas com maestria, sem serem forçada goela abaixo do leitor.
Evidentemente que nem tudo é perfeito e sim, apesar de muito bom, o livro possui pontos negativos. O mais forte em minha opinião, e eu cheguei a comentar a respeito com o Felipe durante a Bienal, e a questão da apresentação de minutos, horas e semanas, estruturas de tempo atuais que, apesar de servirem ao leitor, terminam soando estranhas numa fantasia medieval. Além disso eu particularmente achei a estruturação do final um pouco corrida. Eu entendo até a contagem regressiva como elemento que até traz empolgação, mesmo assim houve questões que como leitor eu gostaria de saber e que poderiam ter sido mais bem desenvolvidas se não houvesse a necessidade dessa contagem. Um exemplo é qual teria sido a reação da esposa de um dos protagonistas, ainda fiel a Una, ao conhecer a kaorsh que começou tudo atacando a deusa. Foi algo que passou em branco e que eu imaginei que seria relevante.
Mesmo assim tenho que dizer que não só os pontos positivos superam em muito os negativos como a história tem uma cadência excelente e flui de maneira magistral. Assim, a Ordem Vermelha – Filhos da Degradação definitivamente vale a pena!