Como e porque o mercado está como está

Engraçado como as coisas acontecem em ciclos. Na literatura isso acontece em diversos níveis:

Gêneros que entram e saem de moda: como Anjos, Vampiros, ou Zumbis, Distopia e Erotismo;

A tendência de livros impressos ou e-book, que vai e volta;

“Especialistas de mercado” que surgem de tempos em tempos com seus cursos miraculosos para o escritor virar best-seller, embora eles mesmos não tenham um best-seller criado do zero por eles para apresentar;

Ou escritores amadores que, mal chegados ao mercado, por saberem um pouco mais do que o básico, do alto de seu ego inflado já se consideram “especialistas de mercado” e que, de tempos em tempos surgem achando que são “o grão trigo em meio ao joio” e que suas obras serão algum divisor de águas na literatura mundial.

Em relação a essa questão de “especialistas” eu me recordo de algum tempo atrás, e eu mesmo já comentei a respeito, quando começaram a surgir livreiros achando que, exatamente por venderem livros, eram especialistas em todos os aspectos do mercado editorial

Tudo bem que eles até possuem uma visão bastante interessante do mercado, a qual autores e editores também deveriam compartilhar, mas nem por isso conhecem o mercado por inteiro.

Agora, uma vez mais, são escritores (não autores, lembra-se da diferença?), que acham que, porque leram, ou ao menos alegam, meia dúzia de clássicos, e mais meia dúzia de livrinhos de “autoajuda” para aprender a escrever, são a última batata do saquinho.

E o hilário, para não dizer o trágico, é que a conversa é sempre a mesma: “eu li muito… eu sou crítico”, mas assimilar o que leram em seu próprio trabalho, assim como fazer uma crítica ao mesmo, isso parece que eles não sabem!

Esses escritores, na verdade, são tão fracos em pesquisa, em desenvolvimento de personagem, de trama, em praticamente todos os aspectos da história… São tão “verdes”, que não entendem nem que ‘criar’ e ‘desenvolver’ são coisas diferentes.

Que ‘ter uma boa ideia’ não quer dizer naturalmente ‘fazer dela uma boa história’. Razão pela qual, e eu não me canso de repetir isso (e apesar do assunto aparentemente ter surgido na rede recentemente, eu já cometo a respeito há praticamente uma década), praticamente 95% dos originais é recusado pelas editoras.

Tudo bem que, como eu já disse aqui, a maioria dos editores no Brasil está mais para um comprador de Direitos Autorais do que para um editor efetivamente falando (especialmente nas grandes editoras), mas venhamos e convenhamos, o fato de o original, ter potencial, não quer dizer que ele efetivamente tenha essência, que tenha maturidade. E o problema é que é a falta disso que faz com que ele não esteja pronto para o mercado.

A não adiante usar a desculpa de que “o mercado está errado. O mercado está fraco”. Isso pode até ser verdade, mas você, especialmente se é um escritor solitário, deve se adaptar ao mesmo e não o inverso. Ou senão usar os seus pontos fortes para usar essas características do mesmo a seu favor (o que não é fácil e demanda muito trabalho).

Uma das razões, na realidade, para o mercado literário/editorial ser como é, é exatamente porque pessoas pensaram desta maneira. Afinal, culpar os outros, ou o mercado, é mais fácil do que fazer uma autocrítica.

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